Em 1979, já na condição de sócio emérito, Eurico Miranda articulou e organizou a União Vascaína, composta pelos chamados seis homens de ouro: Alberto Pires Ribeiro, Amadeu Pinto da Rocha, Antônio Soares Calçada, Arthur Antônio Sendas, Olavo Monteiro de Carvalho e Pedro Gomes Valente. A oposição venceria a eleição daquele ano com larga margem de votos. O resultado do pleito apresentou os seguintes números: União Vascaína, 2.710 votos; Tradição Vascaína 1.020.
Quando chegou ao poder, Alberto Pires Ribeiro, novo presidente do clube, criou uma função especial para Eurico, a de assessor especial da Presidência. Ele passaria representar o Vasco em várias ações administrativas e afirmaria, quase 25 anos depois: "O clube foi assumido com a luz cortada, água cortada, sem crédito nenhum e uma infinidade de títulos protestados. Na gestão anterior, nada havia sido pago em termos de INSS e imposto de renda. São Januário foi encontrado numa situação deplorável'.
O trabalho foi árduo, mas as finanças foram saneadas e o patrimônio começou ser recuperado. O estádio, por exemplo, foi fechado para obras e ficou sem jogos durante todo o primeiro semestre de 1981. Logo após as eleições, Eurico Miranda viajou para Lima, sede da Confederação Sul-Americana de Futebol na época, a fim de participar do sorteio que definiria o grupo dos brasileiros Internacional-RS e Vasco na primeira fase da Libertadores da América 1980. Os venezuelanos, representados por Galicia e Deportivo Tachira, caíram na chave dos brasileiros. Antes do início da temporada de 1980, o ídolo Roberto Dinamite foi vendido para o Barcelona da Espanha, apesar da discordância de Eurico.
O dirigente fez de tudo para que Roberto não fosse e tinha especial cuidado em transmitir para os espanhóis cada exigência de Jurema, mulher do artilheiro, torcendo por uma contestação para melar negócio. Tudo, no entanto, foi aceito e Roberto partiu para a Europa. A passagem do artilheiro por lá, entretanto, foi prejudicada pela saída do treinador que o havia indicado, o húngaro Ladislao Kubala, e a pouca disposição de seu substituto Heleno Herrera, em aproveitá-lo no elenco. Sabedor das dificuldades pelas quais goleador passara no Velho Mundo, o Flamengo partiu para a sua contratação. Roberto firmou um pré-contrato com o rubro-negro.
A notícia surgiu como uma bomba na imprensa carioca. Dirigentes do Vasco haviam dito ao clube espanhol que, entre ter Roberto de volta e receber as parcelas restantes do valor acertado na venda, preferiam a segunda hipótese. Eurico Miranda não se conformou. Articulou-se internamente para convencer a parcela da diretoria que não via com bons olhos o retorno do atleta. Autorizado pelo presidente do clube, Alberto Pires Ribeiro, Eurico voou Espanha com duas missões: desfazer o negócio do artilheiro com o Flamengo e trazer de volta para casa o ídolo da massa vascaína.
Chegando à Europa, enfrentou o empresário responsável pela intermediação do negócio com o Fla. Ignorando qualquer acerto do jogador, afirmou que, para voltar ao Brasil, o destino de Roberto só poderia ser o Vasco. No papo com o ídolo, as coisas se acertaram mais facilmente. O dirigente levou à Espanha uma camisa do Vasco, entregou-a ao artilheiro e tratou da parte financeira com Jurema. Organizou em seguida toda a logística necessária com vistas ao retorno Dinamite. O Vasco conseguiu, a tempo, a inscrição de Roberto no Campeonato Brasileiro ( na Taça Libertadores não foi possível ).
Na primeira partida do goleador no Rio de Janeiro, diante da torcida cruzmaltina, ele fez os cinco gols da vitória vascaína no Corínthians, diante de um público superior a 100 mil pagantes. A conclamação da massa cruzmaltina para que algum vascaíno impedisse a transação já praticamente sacramentada entre o Flamengo e Roberto Dinamite, atendida Eurico Miranda, fez dele uma referência para o torcedor anônimo. Ficou nítido na episódio o quanto o dirigente poderia lutar em defesa do clube. Para a torcida, a instituição Vasco da Gama tinha, finalmente, após muitos anos, alguém com peito de enfrentar qualquer um em nome dela.
Veja o vídeo abaixo, onde Dinamite agradece por Eurico tê-lo trazido de volta para o Vasco:
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