2001
- Conforme prometera, Eurico garantiu que o Vasco não perdesse o título brasileiro na canetada.
A partida decisiva foi remarcada para o Maracanã no dia 18 de janeiro e vencida pelo Gigante da Colina por 3 x 1, com sobras. O Vasco chegava ao seu quarto título brasileiro.
No jogo um fato chamou a atenção: O Vasco entrou em campo com o símbolo do SBT, emissora rival da Globo, em represália à covardia cometida contra o clube, desde o final do ano anterior, quando houve pressão da emissora para que a sequência dos jogos do Vasco não interferisse na sua grade, passando pela negativa dela própria em antecipar mais cotas de TV para o clube, continuando na ação promovida durante o episódio ocorrido em São Januário e finalizando na formação de opinião que o título deveria ir para o São Caetano, que São Januário era um estádio arcaico.
Tudo isso culminou na indução para que o Brasil inteiro, fora os vascaínos, torcesse contra o Vasco naquele dia, o que de fato, foi conseguido, a partir de uma pesquisa veiculada pela própria Rede Globo antes do jogo, na qual se punha a equipe paulista com a preferência de praticamente nove a cada dez brasileiros que dela participavam.
2002
- Após 18 meses de torniquete financeiro da Rede Globo contra o Vasco e uma série de brigas do clube na Justiça, tendo na ocasião a marca presa e praticamente sem qualquer fonte de receita para sobreviver, a própria Rede Globo teve que vir negociar com o clube. Este, além de enfrentar com coragem o torniquete ainda se encontrava de pé e altaneiro, apesar das inúmeras dificuldades.
A emissora por sua vez firmara vários contratos em dólar e via na desvalorização da moeda nacional, contínua desde o fim de 1999, a impossibilidade de cumprir uma série de contratos pelos valores acordados na ocasião, entre eles os de transmissão no futebol.
Para que um novo compromisso fosse firmado em bases mais razoáveis havia a necessidade da anuência de todos os clubes partícipes e o Vasco, na figura de seu presidente, Eurico Miranda, recusou-se a assinar. Resultado: a Globo partiu para a negociação e só com a interrupção do torniquete e acerto dos ponteiros entre as duas partes o acordo pôde ser selado. Comercialmente, ao menos, tudo estava acertado, enfim, com a emissora.
2003
- Em fevereiro foram anunciadas as equipes brasileiras que disputariam a Copa Sul-Americana no segundo semestre.
Quando Eurico Miranda soube que o Vasco não estava na lista – que adotava o critério de classificar os seis primeiros clubes do Campeonato Brasileiro do ano anterior, mais Flamengo e Cruzeiro – reagiu.
O presidente vascaíno reclamou dos critérios, do ranking da Conmebol – pois esta não computara os pontos referentes ao título de 1948 – e rompeu com a CBF.
Após fazer pressão durante algumas semanas, o Vasco teve seu objetivo satisfeito. No dia 17 de março a Conmebol apresentou a tabela da Copa Sul-Americana e nela estava presente o primeiro Campeão Sul-Americano e mais outros três clubes não incluídos na primeira listagem apresentada em fevereiro. Outra batalha vencida em nome da instituição.
- Entre o final dos anos noventa e 2003 o clube havia acrescido 14.000 metros quadrados a seu patrimônio, incorporados ao Complexo de São Januário.
- Após um ano em que novas conquistas foram obtidas no futebol, desde uma Taça Guanabara vencida diante do rival até a conquista do Campeonato Carioca de forma justa e inequívoca, o Vasco finalizava 2003 com a conta sendo cobrada do período referente ao torniquete, mais as dívidas e pendências concernentes a acordos e contratos firmados, mas não cumpridos por absoluta falta de recursos entre 2001 e 2002.
Diante deste quadro Eurico Miranda deu prioridade ao recebimento de salário dos funcionários do clube, até mesmo em detrimento da folha no futebol. Questionado sobre o não pagamento do valor devido ao craque do time, Edmundo, disse o presidente vascaíno: “Não vou pagar o Edmundo e deixar de honrar os compromissos com os peões, aqueles que recebem pouco.”
2004
- No dia 09 de março foi inaugurado o Colégio Vasco da Gama, dentro do complexo esportivo de São Januário.
A escola passou a funcionar através de uma parceria do Colégio Faria Brito com o clube. Inicialmente o projeto atenderia 120 alunos.
Um exemplo do Vasco para todos os clubes brasileiros, que infelizmente não foi seguido pela esmagadora maioria deles. O presidente Eurico Miranda fez a seguinte declaração por ocasião do evento: “Este projeto é um sonho antigo do Vasco e que, agora, nos enche de alegria. Há mais de 100 anos o Vasco vem lutando pela inclusão. Isso vai permitir que os nossos atletas tenham condições de crescer. Mais importante do que formar jogadores é formar cidadãos.”
– No dia 04 de agosto a Justiça do Trabalho decretava em primeira instância que a transferência de Juninho Pernambucano para o Lyon-FRA havia sido irregular. A FIFA já havia dado razão ao Vasco e a Justiça do Trabalho ratificara isso naquele dia. Mais uma vitória do Vasco em busca de seus direitos e particularmente de Eurico Miranda que vira o atleta se desvincular do clube em 2001 sem que este visse um centavo na negociação.
2005
- No final do ano anterior o goleiro Fabio pretendeu se desvincular do Vasco por suposta falha do clube quanto a preceitos legais não cumpridos em face da remuneração do atleta.
Fabio ficou impedido de atuar e no início de 2005 o Vasco só o liberou para o Cruzeiro, após uma negociação envolvendo o atacante Alex Dias que viria a ser um dos destaques do time naquele ano e coube ao clube ainda 40% sobre o valor de uma futura venda do arqueiro, em meio a seu contrato com o clube mineiro.
- Após a última rodada do Campeonato Brasileiro o Vasco havia chegado ao décimo primeiro lugar da competição, posição que o classificava para a Copa Sul-Americana do ano seguinte e proporcionada por duas apostas pessoais de Eurico Miranda: Renato Gaúcho, técnico ainda inexperiente na função e o veteraníssimo Romário que viria a ser artilheiro da competição aos 39 anos de idade, um recorde neste quesito.
Logo após a última partida do clube no certame disputada em São Januário contra o Paraná (3 x 1 para o Vasco) surgiu um boato de que a vaga pertenceria ao São Paulo e não ao Vasco.
De posse do regulamento, Eurico Miranda provou ser o tricolor detentor de uma vaga já em outra competição sul-americana (no caso a Libertadores). Com isso, o espaço para a Sul-Americana estava aberto para o Vasco. Mais uma vez o presidente vascaíno demonstrou estar com a razão.
2006
- No início do ano o atacante Alex Dias, destaque do clube em boa parte da temporada anterior, tentou se desvincular do Vasco em razão de uma suposta inadimplência do clube com relação à sua remuneração. Foi à Justiça, mas foi comprovado pelo clube que este havia satisfeito o pagamento requerido pelo atleta.
O Vasco manteve vínculo com o jogador até negociá-lo para o São Paulo por uma quantia considerada razoável pela idade do atleta e as circunstâncias da época.
2007
- Romário, já com 41 anos de idade, cultivava o sonho do milésimo gol (faltavam treze).
Eurico Miranda vaticinara que a marca histórica seria atingida com o craque vestindo a camisa do Vasco, clube que o revelou e pelo qual viveu os melhores momentos no Brasil.
O Gigante da Colina havia sido apenas coadjuvante do milésimo gol de Pelé no distante ano de 1969. Sofrera o tento histórico do maior atleta daquele século em pleno Maracanã. Nenhum outro jogador conseguira, até ali, alcançar o feito de Pelé. Romário seria o segundo na história a obter tal marca.
Diante de uma descrença geral o atleta foi contratado e surpreendeu a todos. Marcou em quatro partidas, exatos 11 gols, faturou o de número 999 contra o tradicional rival Flamengo e assim como Pelé, em 1969, jejuou por alguns jogos até atuar pela primeira vez em São Januário.
Era chegada a hora. No histórico estádio marcou de pênalti, do mesmo jeito que Pelé, mas com uma diferença fundamental: dentro de sua própria casa. O lar de todos os vascaínos: São Januário.
O coadjuvante era o Sport, de Recife, o jogo foi 3 x 1 para o Vasco, mas isso pouco importou. O milésimo gol de Romário com a camisa cruzmaltina era um presente para todos os vascaínos e uma aposta quase solitária de Eurico Miranda. Ele acreditou em Romário, no gol mil e na inolvidável presença do clube num dos maiores momentos do futebol neste século até aqui, assim como ocorrera com o Santos – por ocasião do milésimo gol de Pelé – no distante ano de 1969.
2008
- No início do ano o maior destaque do Vasco na temporada anterior, Leandro Amaral, descumpriu cláusula contratual com o clube obtendo inicialmente na Justiça do Trabalho o direito de se vincular ao Fluminense.
O atleta chegou a atuar pelo tricolor durante várias partidas no Campeonato Carioca, mas o Vasco reverteu a situação junto à própria Justiça do Trabalho e dois meses depois Leandro Amaral era novamente atleta do Vasco e assim seguiria durante todo o restante a temporada, de maio a dezembro.
- Após alguns anos o Vasco voltava a formar uma nova geração de craques. Uma das revelações, Phillippe Coutinho, estava para completar 16 anos quando teve uma proposta do Real Madrid, da Espanha, para assinar naquele clube o seu primeiro contrato profissional.
Eurico Miranda soube da intenção dos espanhóis e interveio no processo escrevendo cartas às mais variadas entidades esportivas do Brasil e exterior e crendo ainda na boa formação do jovem e confiança da família para com o clube, a fim de que o atleta tivesse um bom contrato futuro na Europa.
Meses depois o Vasco acertara por 3,8 milhões de euros a venda dos direitos econômicos daquela revelação (que optara em assinar seu primeiro contrato profissional com o próprio Vasco) e a garantia do pagamento de salários do jogador até este completar dezoito anos, por parte da equipe que o contratara, no caso a Internazionale-ITA. Os pagamentos seriam realizados em três parcelas. Julho de 2008, julho de 2009 e julho de 2010.
Pela legislação, o Vasco teria direito a zero na negociação, caso o pai de Phillippe aceitasse o emprego oferecido pelos espanhóis e estes mantivessem a revelação sem vínculo explícito por apenas um ano (coisas da Lei Pelé), mas em função da boa relação com o atleta e seus pais, mais a ação diante das entidades dirigentes do futebol, Eurico Miranda conseguiu ainda para o clube um valor considerável, diante das circunstâncias.
- Após um golpe político perpetrado pela oposição do Club de Regatas Vasco da Gama contra a própria instituição, o time de futebol deixado em nono lugar por Eurico Miranda, depois de oito rodadas disputadas, estava, a 10 do fim, na lanterna da competição. Eurico se utilizou do programa Casaca no Rádio, apresentado na Rádio Bandeirantes, do Rio de Janeiro para dar a seguinte declaração: “Se eu assumir o futebol do Vasco com amplos poderes o Vasco NÃO CAI.” Os novos dirigentes, entretanto, preferiram ver o barco afundar a aceitar a ajuda oferecida. Resultado: O Vasco pela primeira vez em sua história caiu de divisão.
- Um dos motivos alegados pela nova gestão para a queda versava sobre a situação financeira do clube quando lá chegaram, muito embora os próprios oposicionistas pintassem uma situação pior e dissessem ter a solução consigo para a resolução dos problemas fantasiados por eles anos a fio. Na verdade o clube em junho de 2008 vivia a seguinte situação:
a) Entre gastos fixos e variáveis gastava em torno de 3 milhões de reais mês.
b) Mantinha salários em dia, desde meados de 2004 (pagos no dia 20 de cada mês), portanto, há mais de quatro anos na ocasião.
c) Mantinha o pagamento de impostos em dia.
d) Fizera acordo junto à Justiça do Trabalho e o mantinha, conforme fora acertado, tendo com isso todas as dívidas trabalhistas equacionadas.
*O acordo, nas mesmas bases foi assinado pela gestão MUV/Dinamite em 14 de agosto daquele ano.
e) Cumpria acordos com pessoas físicas e jurídicas (Ex: Vasco-Barra, Siano & Martins advogados, Dr.Enrico Andreatini, Dr. Nélio Braga Chambarelli, Guilherme Martins Frederico, Eduardo Alberto Monteiro Guimarães, Ivone Amaral Silva, Sra Luciana Gambino (Espólio de Dener), Walfrido Menezes Lima, Marcelo Bastos Ferreira, Torbem Schdmit Grael, Leandro Simi, Antônio Lopes, Hélio Rubens, Donizete, Romário…)
f) Não tinha nenhum título protestado.
g) Não tinha qualquer tipo de penhora quanto às rendas dos jogos do time de futebol.
h) Tinha disponíveis para serem trabalhados 3,8 milhões de euros referentes à venda de Phillippe Coutinho para a Internazionale-ITA.
i) Possuía um contrato com a Globo, no qual trabalhava com recebíveis (adiantava receitas), tendo disponível para isso os valores referentes a todo o segundo semestre de 2009, metade do que receberia na primeira metade do mesmo ano e ainda os concernentes aos anos de 2010 e 2011.
j) Tinha como fornecedor de material esportivo uma empresa que vestia o clube do futebol profissional ao remo feminino e ainda pagava ao clube cerca de 1,5 milhão ano (o contrato original era de 2 milhões ano, mas houve um adiantamento inicial dado ao clube no início do compromisso firmado).
k) Possuía ainda outros recursos menores referentes a contratos com várias marcas de renome, como, por exemplo, o Habib`s, mais voltadas para prestação de serviços, obras e ganhos agregados com alguma remuneração para o clube em termos de royalties ou valores fixos.
l) Tinha disponível também a receita com o quadro social e escolinhas dos mais variados esportes, além de U$90.000,00, no mínimo, garantidos pela participação na Copa Sul-Americana daquele ano.
m) Possuía 100% ou quase isso dos direitos econômicos dos atletas de futebol formados na base e profissionalizados pelo Vasco. Uma mina de ouro para o clube, como comprovado nos dois anos posteriores com a venda (já defasada ou com percentuais fatiados entre empresários) de quatro atletas para o exterior pelo valor de quase 30 milhões de reais limpos para o Vasco.
n) Mantinha funcionando o Colégio Vasco da Gama, atendendo a crianças e jovens, tanto sob o aspecto acadêmico, como dando condições de moradia e alimentação aos alunos, formando, com isso, craques e cidadãos ao mesmo tempo.
o) Mantinha em pleno funcionamento as suas sedes, desde o Complexo de São Januário, passando pela Sede Náutica e a do Calabouço, como também realizava benfeitorias na sede alugada do Vasco-Barra, além de lutar na Justiça pelos direitos do Vasco relativos ao terreno da rodovia Washington Luiz. O gasto mensal com manutenção era em torno de 150 mil reais.
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