sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O Vasco e a imprensa parcial desde 1923

Caros amigos vascaínos, 

O conhecimento da História do nosso Clube e das suas relações com a sociedade e com a imprensa explicam o que hoje acontece em termos de proibições da atuação de determinados órgãos jornalísticos em São Januário. Nosso clube surgiu sob a égide da perseguição que a sociedade (leia-se poderosos da época) movia contra sua aparição!

O futebol dos anos 20 era esporte para os meninos ricos da Zona Sul do Rio brincarem e para a alta sociedade carioca fazer desfiles de modas nas sociais dos clubes. O surgimento de um clube de brasileiros e portugueses sem nomes de família importantes era uma agressão àquela sociedade discriminatória e racista por baixo dos panos.

Quando o Vasco colocou negros em campo foi um absurdo. Como as "senhoras" daquela época poderiam vê-los em campo? Certamente havia um conluio para que se desmoralizasse aquele esporte, que os senhores feudais da época julgavam ser apenas dos ricos.

A partir destes fatos começou toda uma guerra contra o Vasco, baseada sobretudo na contra-informação da imprensa, cujos donos eram os ricaços da época (assim como nos dias de hoje).
Fez-se de tudo. Tentaram colocar o Vasco para fora da liga porque não tinha campo; fizemos o maior da época. Tentaram nos expulsar com a história do amadorismo; fundamos o profissionalismo.

A partir dos anos 40, a coisa, em termos de imprensa, piorou. Havia fraude de pesquisas maior torcida (que na época era a do Vasco). Neste episódio, o detrator Ary Barroso (locutor esportivo e compositor), torcedor do Império do Mal, jogou votos de uma pesquisa no fosso dos elevadores da Rádio Nacional para fazer o IM vencer. Naquela época ele xingava os vascaínos e os menosprezava ao microfone. Como reação da nossa diretoria, foi proibido de entrar em São Januário. Vejam como os fatos se repetem e pensem se os dirigentes de hoje têm ou não razão para expulsar de São Januário os vendilhões do templo!



Nesta fase, como o ditador Getúlio Vargas fosse vascaíno, esta reação do Clube foi dada como arroubo ditatorial. Tentavam jogar o Vasco contra o povo, que era sua razão de ser.
Os anos se passam e surge a rede Globo em 1965, com aparições do IM no jornais, nas novelas, nos Festivais da Canção, tudo de maneira orquestrada para tirar a gente do páreo em termos de torcida.

Nesta época, a moda era arrebentar com a vida dos dirigentes do Vasco que fossem combativos através de notícias falsas e boatos. Vários de nossos dirigentes sofreram tais perseguições, como: João Silva, Agathyrno Gomes e outros.

Nos anos 80, como surgisse o Sr. Eurico Miranda, combativo, dono de boa oratória e portanto um perigo para o establishment da imprensa esportiva, a ordem passou a ser pau nele diuturnamente. O que é que se podia esperar? Ele reagia e brigava como briga até hoje!




Hoje, por que se proíbe a imprensa de entrar? É fácil enumerar os fatos e dizer que foi uma justa reação de dirigentes e do Clube. Não entro no mérito de dizer se foi a melhor reação, mas sem dúvida justa! Os fatos contra a Rádio Globo são os seguintes:
- Orientações internas, sic, dadas pelo Sr. José Carlos Araújo, proibindo entrevistas de dirigentes do Vasco próximo da eleição do Clube, justamente num momento em que mais se atacava, até em CPIs ridículas, as pessoas destes dirigentes;
- Para quem não se lembra, o referido locutor se recusou em 1998 a transmitir o jogo em Tóquio e o fez dos estúdios da emissora. E olha que o Vasco colocou, na época, até lugares no avião da comitiva para que a transmissão fosse ao vivo;
- Sempre que o Vasco ia aos tribunais da Federação esta rádio nos criticava;
- Em 1988, como os jogos eram transmitidos pela TV Manchete, havia verdadeira campanha desta rádio e deste locutor contra o referido campeonato;
- Aplauso às ilegalidades cometidas pelo IM e pelo empresário do jogador Edílson na época de sua contratação, sempre com críticas à posição do Vasco;
- Etc, etc...

Contra o jornal O Globo nem precisamos enumerar. Basta citar o Renato Maurício Prado.

Contra o jornal O Dia, o que vocês acham das atitudes dos seus colunistas Bussunda e Márcio Guedes?

Contra o Jornal Lance!, citamos os colunistas "imparciais" Juca Kfouri e José Trajano, sempre com denúncias não fundamentadas em provas contra os dirigentes do Vasco.

Contra o Extra é preciso falar? O editor é o Renato Maurício Prado!

Ora, caros amigos, a imprensa não é esta Joana D'Arc que querem pintar. Muito pelo contrário, é o braço armado pelos que nos odeiam, com raras e honrosas exceções, e que sempre nos atingiu de maneira covarde e cruel.

Pergunta-se: não seria muito pior que a censura que o Vasco faz hoje, o comportamento antiético, parcial e organizado que grande parte da imprensa esportiva fez no passado e faz até hoje contra nós?

Devemos simplesmente, em prol de uma liberdade de imprensa que na realidade nunca existiu quanto a este tema, aturar as ofensas, as detrações e as matérias confeccionadas para nos diminuir, ou devemos reagir na mesma moeda?

NOTA : IM significa "Império do Mal", que é um apelido "carinhoso" pelo qual alguns vascaínos se referem a mulambada.

por Jorge Veríssimo (04/12/2000)

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