Caros amigos vascaínos,
O conhecimento da História do nosso Clube
e das suas relações com a sociedade e com a imprensa explicam o que hoje
acontece em termos de proibições da atuação de determinados órgãos jornalísticos
em São Januário. Nosso clube surgiu sob a égide da perseguição que a sociedade
(leia-se poderosos da época) movia contra sua aparição!
O futebol dos anos 20 era esporte para
os meninos ricos da Zona Sul do Rio brincarem e para a alta sociedade
carioca fazer desfiles de modas nas sociais dos clubes. O surgimento de
um clube de brasileiros e portugueses sem nomes de família importantes
era uma agressão àquela sociedade discriminatória e racista por
baixo dos panos.
Quando o Vasco colocou negros em campo
foi um absurdo. Como as "senhoras" daquela época poderiam vê-los em campo?
Certamente havia um conluio para que se desmoralizasse aquele esporte,
que os senhores feudais da época julgavam ser apenas dos ricos.
A partir destes fatos começou toda uma
guerra contra o Vasco, baseada sobretudo na contra-informação da imprensa,
cujos donos eram os ricaços da época (assim como nos dias de hoje).
Fez-se de tudo. Tentaram colocar o Vasco
para fora da liga porque não tinha campo; fizemos o maior da época. Tentaram
nos expulsar com a história do amadorismo; fundamos o profissionalismo.
A partir dos anos 40, a coisa, em termos
de imprensa, piorou. Havia fraude de pesquisas maior torcida (que na época
era a do Vasco). Neste episódio, o detrator Ary Barroso (locutor esportivo
e compositor), torcedor do Império do Mal, jogou votos de uma pesquisa
no fosso dos elevadores da Rádio Nacional para fazer o IM vencer. Naquela
época ele xingava os vascaínos e os menosprezava ao microfone. Como reação
da nossa diretoria, foi proibido de entrar em São Januário.
Vejam como os fatos se repetem e pensem se os dirigentes de hoje têm
ou não razão para expulsar de São Januário os vendilhões
do templo!
Nesta fase, como o ditador Getúlio Vargas
fosse vascaíno, esta reação do Clube foi dada como arroubo ditatorial.
Tentavam jogar o Vasco contra o povo, que era sua razão de ser.
Os anos se passam e surge a rede Globo
em 1965, com aparições do IM no jornais, nas novelas, nos Festivais da
Canção, tudo de maneira orquestrada para tirar a gente do páreo em termos
de torcida.
Nesta época, a moda era arrebentar com
a vida dos dirigentes do Vasco que fossem combativos através de notícias
falsas e boatos. Vários de nossos dirigentes sofreram tais perseguições,
como: João Silva, Agathyrno Gomes e outros.
Nos anos 80, como surgisse o Sr. Eurico
Miranda, combativo, dono de boa oratória e portanto um perigo para o establishment
da imprensa esportiva, a ordem passou a ser pau nele diuturnamente. O
que é que se podia esperar? Ele reagia e brigava como briga até hoje!
Hoje, por que se proíbe a imprensa de entrar?
É fácil enumerar os fatos e dizer que foi uma justa reação de dirigentes
e do Clube. Não entro no mérito de dizer se foi a melhor reação, mas sem
dúvida justa! Os fatos contra a Rádio Globo são os seguintes:
- Orientações internas, sic, dadas pelo
Sr. José Carlos Araújo, proibindo entrevistas de dirigentes do Vasco próximo
da eleição do Clube, justamente num momento em que mais se atacava, até
em CPIs ridículas, as pessoas destes dirigentes;
- Para quem não se lembra, o referido locutor
se recusou em 1998 a transmitir o jogo em Tóquio e o fez dos estúdios
da emissora. E olha que o Vasco colocou, na época, até lugares no avião
da comitiva para que a transmissão fosse ao vivo;
- Sempre que o Vasco ia aos tribunais da
Federação esta rádio nos criticava;
- Em 1988, como os jogos eram transmitidos
pela TV Manchete, havia verdadeira campanha desta rádio e deste locutor
contra o referido campeonato;
- Aplauso às ilegalidades cometidas pelo
IM e pelo empresário do jogador Edílson na época de sua contratação, sempre
com críticas à posição do Vasco;
- Etc, etc...
Contra o jornal O Globo nem precisamos
enumerar. Basta citar o Renato Maurício Prado.
Contra o jornal O Dia, o que vocês acham
das atitudes dos seus colunistas Bussunda e Márcio Guedes?
Contra o Jornal Lance!, citamos os colunistas
"imparciais" Juca Kfouri e José Trajano, sempre com denúncias não fundamentadas
em provas contra os dirigentes do Vasco.
Contra o Extra é preciso falar? O editor
é o Renato Maurício Prado!
Ora, caros amigos, a imprensa não é esta
Joana D'Arc que querem pintar. Muito pelo contrário, é o braço armado
pelos que nos odeiam, com raras e honrosas exceções, e que sempre nos
atingiu de maneira covarde e cruel.
Pergunta-se: não seria muito pior que a
censura que o Vasco faz hoje, o comportamento antiético, parcial e organizado
que grande parte da imprensa esportiva fez no passado e faz até hoje contra
nós?
Devemos simplesmente, em prol de uma liberdade
de imprensa que na realidade nunca existiu quanto a este tema, aturar
as ofensas, as detrações e as matérias confeccionadas para nos diminuir,
ou devemos reagir na mesma moeda?
NOTA : IM significa "Império
do Mal", que é um apelido "carinhoso" pelo qual
alguns vascaínos se referem a mulambada.
por Jorge Veríssimo
(04/12/2000)
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