quarta-feira, 15 de outubro de 2014
História | Atuação de Eurico Miranda em prol do Vasco - Parte 2 (1997 a 2000)
1997
- Após o primeiro jogo decisivo do Campeonato Brasileiro diante do Palmeiras, o principal jogador do elenco vascaíno, Edmundo, havia sido expulso e estaria suspenso para o último confronto da competição diante do próprio alviverde paulista no Maracanã. Através de Eurico Miranda o clube conseguiu junto ao STJD um julgamento no sábado, véspera da partida, para tentar a absolvição do craque, o que, efetivamente foi conseguido (julgamento e absolvição). No dia seguinte o Vasco conquistou, com Edmundo em campo, o seu terceiro título brasileiro.
1998
- Para o início da Taça Libertadores da América o Vasco vivia uma situação delicada quanto ao seu mando de campo. Um incidente ocorrido durante a partida frente ao River Plate-ARG válida pela Supercopa Libertadores do ano anterior ensejara uma punição ao clube que impossibilitaria este de marcar jogos em seu estádio (São Januário).
Num trabalho de bastidores, Eurico Miranda conseguiu que a punição ao invés de ser dada em número de jogos passasse para número de dias. Dessa forma, no início da competição, em 1998, o clube já tinha disponível São Januário para mandar seus jogos. O Vasco se sagrou campeão da Taça Libertadores daquele ano vencendo seis partidas e empatando uma (ainda na primeira fase quando já estava classificado para os play-offs). O estádio do Vasco foi, sem dúvida, uma das grandes armas para a conquista.
- Na disputa do Estadual o Vasco poderia vir a ser Campeão Carioca no ano do Centenário (para inveja do maior rival). Bastaria uma vitória em Bangu na penúltima rodada do segundo turno para ser ratificada a conquista. O jogo, no entanto, seguia num teimoso 0 x 0 até que aos 45 minutos da segunda etapa os refletores foram apagados. Os atletas e dirigentes do Bangu diziam estar a partida encerrada, por causa do problema. Eurico Miranda foi ao árbitro e garantiu junto a este que seriam dados os devidos descontos – três minutos, no caso. Meia hora depois a luz voltou, o jogo recomeçou e no segundo minuto dos três previstos de desconto, Mauro Galvão, capitão do time cruzmaltino marcou aquele que seria o gol do título. O Vasco conquistava com isso o Campeonato Carioca no ano de seu Centenário.
1999
- Já classificado para a semifinal do Torneio Rio-SP, o Vasco era vítima de uma armação nos bastidores. A última partida prevista na primeira fase seria disputada contra o Fluminense. O jogo nada valia, pois enquanto o Gigante da Colina já estava classificado o tricolor das Laranjeiras não tinha mais chances na competição.
Ao mesmo tempo em que as emissoras de TV seguiam para São Januário (o jogo de ida no grupo fora disputado no Maracanã), o Flu conseguia junto à SUDERJ, após pedido feito ao Governador do Estado, Anthony Garotinho, a abertura do Maracanã para que o time tricolor lá comparecesse, como se, de fato, aquele fosse o local onde deveria ser disputada a partida.
Na hora marcada para o clássico cada time se apresentou em um dos campos e o Fluminense tentou junto à organização do torneio aplicar um W.O. no Vasco, a fim de que obtivesse a sua vaga, quem sabe, na canetada.
O clube de São Januário seguiu na caminhada rumo ao terceiro título de sua história na competição, o que ocorreria semanas depois, após derrotar o Santos na grande decisão por 3 x 1 no Maracanã e 2 x 1 em São Paulo.
Cerca de um mês depois, o W.O. inicialmente decretado administrativamente foi anulado por decisão da Justiça Desportiva.
- Durante o Pan-Americano de Winnipeg daquele ano Eurico Miranda foi surpreendido com a inércia da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) quanto à criação de uma condição logística para que a sua principal dupla de praia feminina, Adriana Behar e Shelda, pudesse vir a disputar os jogos e ainda manter-se na briga pelo Circuito Mundial que teria uma fase a ser disputada no Japão logo em seguida.
A inoperância de ambos os órgãos fazia com que as atletas tivessem que abrir mão do Pan-Americano, sob pena de não chegarem a tempo para competir no Japão.
Eurico Miranda, então, não teve dúvida. Alugou um jatinho a fim de que a dupla, vinculada ao Vasco, pudesse terminar a disputa do Pan e seguir para a Asia a tempo de participar da competição mundial lá prevista.
Adriana Behar e Shelda mostraram gratidão ao clube e o representaram ao longo dos anos subsequentes com uma cruz de malta no braço, independentemente de qualquer contrato formal com o Vasco.
- No dia 19 de setembro daquele ano o Vasco fez uma festa para homenagear os atletas medalhistas no Pan de Winnipeg, outros que faziam parte do projeto olímpico, e ainda os da base vinculados ao clube.
Ao mesmo tempo se faria uma justa homenagem ao técnico Antônio Lopes, que completaria naquela partida 500 jogos como treinador do Vasco.
A partida contra o Paraná seguia tranquila com o Gigante da Colina vencendo por 1 x 0, gol de Edmundo, até que o árbitro Paulo Cesar de Oliveira resolveu aparecer.
Juninho sofreu pênalti e o apitador expulsou o atleta vascaíno por suposta simulação.
Na segunda etapa, enquanto o lateral esquerdo vascaíno Felipe era parado sistematicamente com faltas, algumas por trás, o juiz resolveu expulsar também Alex Oliveira e Mauro Galvão, reduzindo o Vasco a oito atletas em campo.
O Paraná empatou e partia para a virada. O estádio estava lotado e a torcida ameaçava invadir o campo.
Foi quando surgiu Eurico Miranda adentrando ao gramado. Seguiu até o árbitro e com dedo em riste o chamou de irresponsável. O jogo não terminou apesar do protesto da equipe paranista e no tribunal foi decidido que o placar de 1 x 1 seria mantido.
Paulo Cesar de Oliveira levou uma repreensão do órgão diretor de arbitragem dada a atuação absolutamente lamentável que protagonizara naquela partida.
2000
- Às vésperas da Páscoa daquele ano o Vasco, pela tabela, já era o Campeão da Taça Guanabara pelo número de pontos, mas o tradicional rival Flamengo insistia em apelar para o tapetão a fim de obter os pontos de uma partida polêmica diante do Cabo Frio (que estava 0 x 0), no campo do adversário, em função da escalação de um atleta adversário supostamente sem condição de jogo.
A manobra rubro-negra parecia ser um acinte ao bom senso, mas a mídia, não tratava o episódio dessa forma. Eurico, então, resolveu provocar. Prometeu o dirigente uma grande festa no domingo de páscoa com a distribuição de 40.000 ovos de chocolate aos vascaínos e uma grande vitória.
Além da distribuição de ovos o Vasco deu um autêntico chocolate no adversário, goleando por 5 x 1 (maior placar do clássico nos confrontos realizados no Maracanã até ali). Romário, trazido junto ao rival, marcou três vezes e a torcida vascaína ao final da segunda etapa cantarolava em uníssono “Eu, eu, eu, o Eurico prometeu!”
- Após três vice campeonatos seguidos (Mundial, Torneio Rio-SP e Carioca) o Vasco se mantinha na briga para conseguir chegar a duas decisões de campeonato, no segundo semestre daquele ano, mas diante de um calendário apertado e desumano , em pleno verão, via-se na seguinte situação:
Atuara em partidas de play-offs da Copa Mercosul e Campeonato Brasileiro sete vezes em 18 dias (com confrontos realizados no Rio, Bahia, Paraná e Buenos Aires).
Na concepção da Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão, o clube deveria atuar mais seis vezes em 13 dias (após intervalo de dois dias antes da nova maratona), a fim de que a grade da emissora não fosse prejudicada.
Vendo ambos os títulos escoarem pelos dedos, dado o cansaço evidente do time e a pressão de jogos decisivos encavalados, Eurico Miranda se mexeu no intuito de obter o adiamento de alguns dos compromissos para dar chance ao time de atuar em condições de conquistar as duas competições. Brigou até conseguir o seu desejo e garantir ao Vasco os seus direitos.
- No dia 30 de dezembro seria disputado o jogo decisivo do Campeonato Brasileiro daquele ano. O Vasco enfrentaria o São Caetano em São Januário (o Maracanã estava em obras) e após um empate de 1 x 1 em São Paulo bastava empatar em 0 x 0 com a equipe paulista ou vencer por qualquer placar para conquistar o título.
Um tumulto ocorrido aos 23 minutos, no entanto, nas imediações de onde tradicionalmente se punha a torcida Força Jovem, supõe-se motivado por uma briga entre simpatizantes do atleta Romário – que acabara de sair por contusão – e de Edmundo – negociado pelo clube no meio da temporada – acabou por ocasionar uma forte pressão sobre o alambrado que cedeu diante disso.
Várias pessoas foram parar dentro do campo, dentre elas algumas que se feriram no episódio. Menos de cinco minutos depois, Eurico Miranda já estava em campo representando o Vasco, como sempre fez e utilizando toda a logística do clube em favor do atendimento aos feridos. Ambulâncias, helicópteros e assistência médica foram dadas aos que necessitavam de tal aparato.
As declarações de Eurico para todo o Brasil foram sempre neste sentido durante mais de trinta minutos.
Após já ter sido controlada a situação com o devido atendimento aos feridos e remoção a hospitais próximos, a discussão passou a versar sobre a continuidade ou não da partida.
Para o delegado do jogo e o chefe da Defesa Civil havia condições para o prosseguimento da decisão, mas para a Rede Globo não.
Mostrando sua força diante até mesmo do Poder Público, bastou um dizer insistente do narrador Galvão Bueno clamando por uma voz de “bom senso” que impedisse a retomada da partida, para que o governador Anthony Garotinho decretasse a suspensão do jogo.
Alguns diziam ser o título do São Caetano, a partir da decisão de Garotinho. Eurico Miranda afirmava que o Vasco não perderia em hipótese nenhuma o título na canetada e ressaltava que o atendimento aos feridos por parte do Vasco fora exemplar e eficiente.
A mídia preferiu tratar Eurico de outra forma. Edições de imagens e juízos de valor pérfidos decretaram para a opinião pública algo mentiroso, injusto e calhorda.
Eurico para uns expulsara feridos de campo para que o jogo continuasse, para outros era insensível ou desumano.
A fala de Eurico foi não só editada como distorcida.
O clube e o estádio de São Januário foram atingidos covardemente, mas a briga não terminaria ali e o Vasco não sucumbiria em entregar o campeonato, ou trocar sua dignidade por uma boa matéria ou atitude simpática da mídia a seu respeito.
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